A pessoa autora desta frase não é um ser anónimo, numa conversa informal num café, ou a proprietária de um blogue pessoal. Polo contrário, é um quadro dirigente de um meio nacional galego, a escrever num outro meio de características similares; estamos em 2007 e este decalque do espanhol está longe de ser um caso isolado.
Muito se tem lamentado a respeito da sociedade galega, e do impaís que somos. Ora, apontar com o dedo para a labrega ou o pescador, como se costuma fazer, não deixa de ser um acto míope. Afinal, quem mexe ou pode mexer o caldo social são outras pessoas, quer elites consolidadas, quer aspirantes a.
A raça de “aspirantes a” é relativamente numerosa no nosso país. Caracteriza-se por viver numa fantasia, o que é lícito e até comum, mas o que já não é tão legítimo, é esperarem de nós que vivamos o seu devaneio.
A fantasia a que me estou a referir, é acharem que estão a oferecer à sociedade um “produto original”, em concorrência com o produto original dominante. No entanto, para isso há que dar um passo iniludível, que exige radicalismo e maduração: originalizar-se um próprio. Como diz o ditado popular, não se podem pescar trutas com as bragas enxutas.
Janeiro 2007